Confissões de uma mãe imperfeita

Eu acredito que toda mãe quer ser perfeita. É diferente de querer ser perfeita no casamento ou no trabalho. Como gerente de hotéis escutar críticas e resolver problemas faziam parte do meu cotidiano. Eu e meu marido nos criticamos moderada ou intensamente dependendo da época do mês ou do resultado do futebol! Eu sempre dizia no trabalho que as críticas são construtivas, é nossa oportunidade de mudar e recomeçar o que não deu certo e melhorar aquilo que deu- nessa hora eu via os olhos dos funcionários virando e sei que eles queriam me jogar o grampeador na cabeça.

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Wednesday, June 2, 2010

De pijama

As primeiras duas semanas depois que meu filho nasceu foram incríveis. Nós estávamos nos conhecendo. Eu vivi pela primeira vez a maravilhosa e ao mesmo tempo assustadora experiência de ter alguém completamente dependente de mim.
Eu nunca havia estado tão exausta e tão feliz. Eu sentia uma paz profunda cada vez que segurava meu filho nos braços, sentindo a respiração dele enquanto ele dormia. Aquele cheirinho gostoso de bebê que se espalha pela casa toda. Olhando minhas fotografias daquelas primeiras semanas depois de dar à luz, eu tinha olheiras seguidas de uma palidez profunda, meu cabelo estava horrível; o resultado de inúmeras vezes em que eu não me lembrava se já havia lavado o cabelo e acabava lavando de novo e de novo. Coisas simples como ir ao banheiro quando sentisse necessidade, tomar banho quando tivesse vontade ou comer quando a fome batesse foram tiradas de mim! Mas, apesar de tudo isso, eu pareço extremamente feliz. E é isso que eu me lembro mais daqueles primeiros dias em que meu filho estava por perto.
Mas daí, eu me lembro disso:
Quando meu filho completou duas semanas eu o deixei com o pai dele pela primeira vez. Eu tinha que ir ao supermercado e todos haviam me dito que seria bom para mim sair sozinha um pouco. Eu não queria deixá-lo, mas saí assim mesmo.
No caminho para o supermercado eu tinha esse sentimento constante de que havia esquecido algo. Não conseguia definir o que era, então continuei dirigindo.
Cheguei, estacionei e tranquei o carro. Entrei no supermercado. De repente senti os olhares de estranhos voltados para mim. Pensei: qual é o problema dessas pessoas? Eu sei que estou cansada, meu cabelo está uma bagunça mas eu sou mãe de primeira viagem!
Peguei um maço de alface e dei um aolhadinha no espelho. Hum… meu cabelo certamente teve dias melhores, mas não justifica tanta comoção. Pera aí. Puuu… Merrrr….. eu tô de pjama! Pijama e roupão rosa calcinha por cima. Ok. Sem pânico. Naquele momento eu basicamente tinha duas opções; opção um: largar os alfaces e sair dali o mais rápido, tentando não chamar ainda mais atenção. Opção dois: erguer a cabeça, empinar os peitos e continuar minhas compras. Considerando que eu já estava ali dentro optei por terminar minhas compras.
Então, lá estava eu no supermercado de pijamas. Eu tenho certeza de que aquele momento foi um tanto quanto divertido para muitas pessoas que puderam presenciar. Eu acho que em certa altura um menino tirou uma foto minha com o celular. Ótimo, mamãe de pijamas no YouTube! Eu concluí que no futuro eu devo sempre escolher a primeira opção.
Terminei minhas compras e voltei para casa. Quando abri a porta meu marido olhou para mim e disse: “você saíu vestida assim??” Brigada querido, agora que você nota!
Eu perdi a conta de quantas vezes eu fiz coisas do tipo sair para comprar limão, voltar para casa com uma sacola cheia de frutas e sem nenhum limão. Ou perguntar para a garçonete do restaurant se ela podia me dar uma fralda invés de pedir um guardanapo (não é desculpa, mas em inglês as palavras são parecidas: nappy e napkin!)
Eu gostaria de poder dizer que essa época passou agora que meu filho já completou um ano. Mas acreditem, não passou. Eu posso até nunca mais ter ido ao supermercado de pijamas mas quando meu filho fica doente e não dorme bem, eu passo à noite do lado dele só para que ele saiba que eu estou ali. No dia seguinte eu estou cansada e acabo esquecendo uma porção de coisas de novo.
Eu acredito que com o tempo a gente aprende a executar mil coisas ao mesmo tempo de forma mais eficiente, aprende a lidar melhor com os desafios que surgem com o papel de mãe, mas uma coisa é certa; no momento em que eu olhei nos olhos do meu filho pela primeira vez eu soube que minha vida nunca mais seria a mesma, e eu sou grata por isso.

5 comments:

  1. I love this story... my forgetful wife! Beijos

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  2. haha, muito boa a historia!!!!!!
    um beijo Ju, saudades

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  3. Juju, continua escrevendo...achei muito bom. Se eu fosse voce investiria nisso. Beijos e saudades, Lucila

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  4. Ola, moro na Australia, em Cairns e tenho uma filhinha de 2 meses. Encontrei teu blog por acaso e adorei tuas historias.
    Boas tambem as dicas na tua pagina de informacoes. Eu sei que tem encontros de brasileiros em Sydney, mas tu sabe se tem grupos em QLD? Meu marido eh australiano e nao tenho contato nenhum com brasileiros. Boa sorte pra tu e continuarei entrando no teu blog. bj, Aline

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  5. Haha great story, I can totally picture you in the supermarket in your pijamana's :) Are you going to write a few more in English? Miss ya

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